Acompanhe a leitura de hoje e depois reveja um trecho do texto para responder os exercícios. Leia também a biografia da autora.
1) Quem
está contando a história? É narrador observador ou narrador personagem?
2) Como
estão marcadas as falas das personagens?
...
Depois de
tanta emoção, só faltava tirar o anzol de Sua Avó. Como a festa já tinha sido
estragada, o veterinário resolveu “veterinar” mais um pouco. Chegou pra mim e
perguntou:
- Como é o nome do animal?
- Sua Avó!
- Ó menina desaforada, como é que você mete a
minha avó no meio desta confusão. Mais respeito!
- O nome do meu cachorro é Sua Avó!
- Pois eu vou me queixar à sua avó, menina
malcriada – gritou o veterinário, roxo de raiva.
Não sei por que motivo o veterinário pensou
que a velha do balde fosse minha avó. Foi pra ela, enfezadíssimo, e perguntou:
- A senhora não deu educação pra sua neta,
não?
Nesse momento,
Sua Avó ficou irritado com a grosseria do veterinário. Sua Avó não admitia que
me tratassem mal. Mesmo com o anzol no nariz, Sua Avó vaio pra perto do
veterinário, rosnou, rosnou e, de repente, NHOC! Mordeu o veterinário.
...
Você conhece Sua Avó? E a Sylvia Orthof?
Biografia da autora
Carioca,
Sylvia Orthof nasceu em 1932, filha única de um casal de imigrantes pobres.
Seus pais eram judeus austríacos e fugiram para o Brasil entre as duas guerras
mundiais. Para cá vieram também seus avós e seus tios. Era uma família que
respirava arte. O pai era pintor; o tio materno, compositor; a avó paterna era
casada com um letrista de operetas vienenses; e a avó materna era pintora e
ceramista.
Sua infância
difícil era ainda tumultuada pelo desencontro de idiomas. Aprendeu,
primeiramente, a falar o alemão e até o início da idade escolar falava
português com sotaque. Refugiados em um país que lutava ao lado dos Aliados na
II Guerra Mundial, seus pais cuidavam para que não fossem confundidos com
nazistas. Por isso evitavam falar em público a língua alemã. Embora fosse algo
incomum na época, eles se separaram quando a filha tinha sete anos. O pai
Gerhard casou-se novamente e Sylvia foi morar com sua avó Trude (Gertrud).
Da formação à
ação
Sylvia teve
formação artística. Estudou mímica, teatro, pintura, desenho e arte dramática.
Tinha apenas 15 anos quando começou a atuar na Escola de Arte Dramática do
Teatro do Estudante. Aos 18, foi estudar teatro, desenho e mímica em Paris. Lá,
aprendeu mímica com Marcel Marceau. Retornou ao Brasil dois anos depois e foi
trabalhar em São Paulo como atriz no Teatro Brasileiro de Comédias (TBC) e na
TV Record. No Rio de Janeiro, atuou ao lado de grandes nomes do teatro e da TV.
Em 1957,
casou-se com Sávio Pereira Lima e se mudou para uma aldeia de pescadores
chamada Nova Viçosa (na época, Marobá), no sul da Bahia. Com as crianças do
lugar, desenvolveu um teatro de bonecos feitos de sabugo de milho e de palha.
Assim começou sua ligação com o teatro infantil.
Ainda na
Bahia, teve sua primeira filha, Cláudia Orthof. Dois anos depois, foi morar em
Petrópolis, onde nasceu seu filho Geraldo (o Gê Orthof, hoje ilustrador). O
terceiro filho, Pedro, nasceu depois de nova mudança do casal, desta vez para
Brasília, em 1960.
Na TV
Brasília, trabalhou em um programa infantil de fantoches, o Teatro
Candanguinho. Foi
contadora de
histórias na rádio MEC, júri do concurso de Miss Brasília. Como desenhista de
fantasias de carnaval, ganhou todos os prêmios da categoria “originalidade”.
Mesmo sem ter feito curso universitário, passou a lecionar teatro na
Universidade de Brasília e a coordenar as atividades de teatro do SESI. O
trabalho ali desenvolvido com operários acabou lhe trazendo problemas com o
governo militar. Por conta disso, ela se refugiou em Paris durante quatro
meses, no ano de 1966.
De volta a
Brasília, Sylvia teve que enfrentar mais tarde a notícia da doença de seu
marido. Assustado com o câncer, ele devolveu a mulher e os filhos para o sogro.
Voltaram, então, em 1972, a morar em Petrópolis, onde retomaram contato com
velhos amigos, como o casal Póla e Tato Gostkorzewicz e Zilahe Luís Tranin.
Aos 40 anos,
Sylvia ficou viúva. Passado algum tempo, casou-se com o velho amigo Tato, que
também havia perdido sua esposa em um acidente. A mudança do casal para o Rio
de Janeiro em 1974 marcou a retomada de sua vida profissional, dessa vez em
outro campo: a literatura.
Da afirmação
como escritora
Nessa nova
fase, escreveu e dirigiu “A Viagem do Barquinho”, peça infantil encenada no MAM
em que toda a família trabalhava. Fundou, em 1975, a Casa de Ensaios Sylvia
Orthof, dedicada exclusivamente a espetáculos infantis. Nesse mesmo ano, ganhou
o primeiro lugar no Concurso Nacional de Dramaturgia Infantil Guaíra, do Paraná.
Quatro anos depois, seu conto “O Pé Chato e a Mão Furada” foi premiado no 1º
Concurso Nacional de Contos Infantis do Banco Auxiliar de São Paulo.
É nesse
momento que sua vida de escritora se inicia oficialmente. Um convite de Ruth
Rocha para escrever histórias infantis para a revista Recreio abriu
definitivamente as portas da literatura infantil para Sylvia Orthof. Já em
1981, publicou a primeira das mais de 120 histórias infantis e infanto-juvenis
que escreveu. Versátil, a autora explorou diversos gêneros literários: prosa,
poesia e teatro. Embora iniciada tardiamente, aos 40 anos, a carreira de Sylvia
Orthof consagrou-a como uma das maiores escritoras infantis do país.
Da despedida
que deixa um legado
Ganhou
inúmeros prêmios por suas obras, entre eles 13 títulos premiados com o selo
Altamente Recomendável para Crianças pela Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil.
Viveu seus
últimos anos de vida em Petrópolis. Descobriu em 1996 que estava com câncer e
faleceu um ano e meio depois, no dia 24 de julho de 1997. Mesmo sofrendo com a
doença, continuou escrevendo histórias.
Sua vida e sua
obra continuam inspirando até hoje inúmeros escritores infantis. Isso sem
contar a grandiosidade da herança que deixou a todos os seus leitores.
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