Maria Felipa de Oliveira
Mulher negra e pobre, Maria quase nunca é lembrada
por seus feitos.
Moradora da Ilha de Itaparica, Maria queria um
Brasil livre dos portugueses, responsáveis pela escravização do povo africano e
da sua família. Os portugueses resolveram atacar com armas, e Maria
decidiu participar em defesa da Independência. Primeiro espiava a movimentação
das caravelas e depois tomava uma jangada para Salvador, onde passava as
informações para o Comando do Movimento de Libertação.
Cansada do papel de vigia, resolveu entrar no
combate. Ela sabia que uma frota de 42 embarcações se preparava para atacar os
lutadores na capital baiana. Então, Maria convidou mais 40 companheiras para a
ação.
Elas e as outras mulheres seduziram a maioria dos
soldados e comandantes. Após leva-los para um lugar afastado, esperavam até que
começassem a tirar as roupas. Quando finalmente os homens ficavam pelados, elas
davam uma surra de cansanção (planta que dá uma terrível sensação de ardor e
queimadura na pele), para depois incendiar todas as embarcações.
Essa ação foi decisiva para a vitória sobre os
portugueses em Salvador, permitindo que as tropas vindas do Recôncavo entrassem
sob os aplausos do povo, no dia 2 de julho de 1823.
Maria Felipa continuou sua vida de marisqueira e
capoeirista, admirada pelo povo. Faleceu no dia 4 de janeiro de 1873.
Luísa
Mahin
Nascida
em Costa Mina, na África, no início do século XIX, Luísa Mahin foi trazida
para o Brasil como escrava. Pertencente à tribo Mahi, da nação
africana Nagô, Luísa esteve envolvida na articulação de todas as revoltas
e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras
décadas do século XIX.
Quituteira
de profissão, de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através
dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve
envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838). Caso o levante
dos malês tivesse sido vitorioso, Luísa teria sido reconhecida como Rainha da
Bahia.
Como
negra africana, sempre recusou o batismo e a doutrina cristã, e um de seus
filhos naturais, Luís Gama (1830-1882), tornou-se poeta e um dos maiores
abolicionista do Brasil. Descoberta, Luísa foi perseguida, até fugir para
o Rio de Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente,
deportada para Angola, Não existe, entretanto, nenhum documento que
comprove essa informação.
Fonte:
http://www.palmares.gov.br/?p=26662
Jovita Feitosa
Jovita nasceu em Tauá, Ceará, no dia 8 de
março de 1848.
Filha de Maximiano Bispo de Oliveira e Maria Alves
Feitosa mudou-se, ainda adolescente (16 anos), após a morte de sua mãe vitima
de cólera, para Jaicós, no Piauí.
Aos 17 anos de idade, alistou-se para as forças
militares da campanha da Guerra do Paraguai.
Disfarçou-se de homem: cortou o cabelo no estilo
“alemão” ou “militar”, amarrou os seios, usou chapéu de couro e foi à procura
da guarnição provincial. Conseguiu enganar os olhos dos policiais, porém, ao
visitar o mercado público foi delatada por uma mulher que logo lhe reconheceu
traços femininos com predominância da etnia indígena, além dos furos de brincos
nas orelhas.
Ao ser levada para interrogatório policial, chorou
copiosamente e manifestou o desejo de ir lutar nas trincheiras, com a mão no
bacamarte.
Foi aceita no efetivo do Estado, após o caso chamar
a atenção de Franklin Dória (1836-1906), o Barão de Loreto, então presidente da
Província do Piauí, que lhe incluiu no Exército Nacional como segundo sargento.
Recebeu fardamento que deveria ser parcialmente recoberto por uma saia e
embarcou com corpo de voluntário para Parnaíba, litoral piauiense.
No navio a vapor que saiu de Teresina, a história
registra que eram 335 voluntários que seguiram até Parnaíba onde recebeu o
reforço de outros combatentes. A viagem seguiu pelo Maranhão, por Pernambuco e
chegou ao Rio de Janeiro, em 9 de setembro de 1865.
Ao chegar ao Rio, Jovita ficou famosa. Todos queriam
conhecer a mulher do Piauí que corajosamente queria ir à guerra. Na capital
imperial foi entrevistada. Jovita chegou ao posto de primeiro-sargento, e
recebeu homenagens e presentes por sua intenção de participação no conflito da
Tripla Aliança.
No entanto, no Rio de Janeiro teve seu embarque negado,
no final de 1865, pelo ministro da guerra, por ser mulher.
Foi expedido um ofício imperial, negando-lhe
permissão para ir à frente de combate, dando-lhe apenas o direito de agregar-se
ao Corpo de Mulheres que iria prestar serviços compatíveis com a “natureza
feminina”, como a enfermagem, por exemplo.
Jovita resolveu permanecer no Rio de Janeiro,
decepcionada com o acontecido. Caiu em profunda depressão e foi abandonada pelo
marido, o engenheiro inglês, Guilherme Noot. Tinha 19 anos de idade, em 1867,
quando cometeu suicídio com uma punhalada no coração.
Margarida Maria Alves
Nascida em Alagoa Grande, no dia 5 de agosto de 1933,
Margarida foi Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa
Grande. Durante o período em que esteve à frente do sindicato, foi responsável
por mais de cem ações trabalhistas na justiça do trabalho. Sua atuação no
sindicato entrou em choque com os interesses dos fazendeiros locais e do
proprietário da maior usina de açúcar local, a Usina Tanques.
Margarida foi assassinada por um matador de aluguel,
no dia 5 de agosto de 1983. Ela estava em frente a sua casa, com seu marido e
filho.
Mesmo com a exposição nacional do crime, que chegou
a ser denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, 33 anos depois
nenhum dos mandantes foi condenado.
Em 2000, nasceu a “Marcha das Margaridas”, inspirada
em Margarida Alves. A Marcha é uma mobilização das mulheres do campo e da
floresta que integram o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais (MSTTR) e de movimentos feministas e de mulheres.
Carolina de Jesus
Carolina Maria de Jesus, nasceu no dia 14 de março
de 1914, em Minas Gerais, Sacramento, uma comunidade rural onde seus pais eram
meeiros.
Aos sete anos, a mãe de Carolina forçou-a a
frequentar a escola depois que a esposa de um rico fazendeiro decidiu pagar os
estudos dela e de outras crianças pobres do bairro. Carolina parou de
frequentar a escola no segundo ano, mas aprendeu a ler e a escrever.
Após a morte de sua mãe, Carolina mudou-se para São
Paulo. Na favela do Canindé, construiu sua própria casa, usando madeira, lata,
papelão e qualquer coisa que pudesse encontrar. Ela saía todas as noites para
coletar papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família.
Quando encontrava revistas e cadernos antigos,
guardava-os para escrever em suas folhas. Começou a escrever sobre seu
dia-a-dia, sobre como era morar na favela. Isto aborrecia seus vizinhos, que
não eram alfabetizados, e por isso se sentiam desconfortáveis por vê-la sempre
escrevendo, ainda mais sobre eles.
Em seu diário, ela detalha o cotidiano dos moradores
da favela e, sem rodeios, descreve os fatos políticos e sociais que via. Ela
escreve sobre como a pobreza e o desespero podem levar pessoas boas a trair
seus princípios simplesmente para assim conseguir comida para si e suas
famílias.
O diário de Carolina Maria de Jesus foi publicado em
agosto de 1960. Ela foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, em abril de
1958. Dantas cobria a abertura de um pequeno parque municipal. Imediatamente
após a cerimônia uma gangue de rua chegou e reivindicou a área, perseguindo as
crianças. Dantas viu Carolina de pé na beira do local gritando “Saiam ou eu vou
colocar vocês no meu livro!” Os intrusos partiram. Dantas perguntou o que ela
queria dizer com aquilo. Ela se mostrou tímida no início, mas levou-o até o seu
barraco e mostrou-lhe tudo. Ele pediu uma amostra pequena e correu para o
jornal.
A tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou
em uma semana (segundo a Wikipédia em inglês, foram trinta mil cópias vendidas
nos primeiros três dias).
Antonieta de Barros
Antonieta nasceu no dia 11 de julho de 1901,
em Florianópolis, Santa Cantarina. Seus artigos, crônicas e poesias eram
assinados com o pseudônimo de “Maria da Ilha”.
Oriunda de família pobre e humilde, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mãe. Dedicou-se desde cedo às letras. Desde os seus primeiros estudos já lecionava para o Magistério e em 1921 concluiu o Curso Normal na Escola Normal Catarinense. Ainda neste ano, fundou o Curso Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente que funcionou até 1952. No ano seguinte, fundou o Jornal A Semana, que circulou até 1927.
Oriunda de família pobre e humilde, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mãe. Dedicou-se desde cedo às letras. Desde os seus primeiros estudos já lecionava para o Magistério e em 1921 concluiu o Curso Normal na Escola Normal Catarinense. Ainda neste ano, fundou o Curso Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente que funcionou até 1952. No ano seguinte, fundou o Jornal A Semana, que circulou até 1927.
Sua mãe, escrava liberta, trabalhou como doméstica
na casa do político Vidal Ramos, pai de Nereu Ramos, que viria a ser
vice-presidente do Senado e chegou a assumir por dois meses a Presidência da
República.
Por intermédio dos Ramos, Antonieta entrou na
política e foi eleita para a Assembleia catarinense em 1934, dois anos depois
de o voto feminino ser permitido no país.
Eleita pelo Partido Liberal Catarinense, foi
constituinte em 1935, cabendo-lhe relatar os capítulos Educação e Cultura e
Funcionalismo. Atuou na assembléia legislativa catarinense até 1937, quando
teve início a ditadura do Estado Novo.
Com o fim do regime ditatorial, ela se candidatou
pelo Partido Social Democrático e foi eleita novamente em 1947, desta vez como
suplente. Antonieta continuou lutando pela valorização do magistério, exigindo
concurso para o provimento dos cargos do magistério, sugerindo formas de escolhas
de diretoras e defendendo a concessão de bolsas para cursos superiores a alunos
carentes.
Ao longo de sua vida, Antonieta atuou como
professora, jornalista e escritora. Faleceu no dia 18 de março de 1952.
Tereza de Benguela
“Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo,
viveu na década de XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Ela liderou o
Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por
soldados. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100
pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 índios. O quilombo resistiu da
década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada por
soldados em 1770 – alguns dizem que a causa foi suicídio; outros, execução ou
doença.
Sua liderança se destacou com a criação de uma
espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Ali, era cultivado o algodão,
que servia posteriormente para a produção de tecidos. Havia também plantações
de milho, feijão, mandioca, banana, entre outros.
Após ser capturada em 1770, o documento afirma: “em
poucos dias expirou de pasmo. Morta ela, se lhe cortou a cabeça e se pôs no
meio da praça daquele quilombo, em um alto poste, onde ficou para memória e
exemplo dos que a vissem”. Alguns quilombolas conseguiram fugir ao ataque e o
reconstruíram – mesmo assim, em 1777, foi novamente atacado pelo exército,
sendo finalmente extinto em 1795.
Elza
Aos 21 anos de idade Elza Soares já era viúva e
tinha cinco filhos para criar —o que fazia cantando e compondo músicas. Com 32
anos sofreu muito para estar ao lado do jogador de futebol Garrincha, que se
envolveu com ela quando ainda era casado.
Muitas tragédias abalaram a vida de Elza (como a
morte da mãe, do Garrincha e de três dos sete filhos). Apesar das dificuldades,
Elza disse certa que “a vida continua. Enquanto existir, quero mais dela”.
Marta
Marta Vieira é uma atacante que já ganhou cinco
vezes o título de melhor jogadora do mundo, um recorde. Ela também é maior
artilheira da história das Copas do Mundo de futebol feminino.
Como se não bastasse, é a maior artilheira da
história da Seleção Brasileira (contando a Masculina e a Feminina) — com 100
gols, é maior que Pelé.
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