terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Novembro Negro - Mulheres audaciosas do Brasil

 


Dandara

 Guerreira do período colonial do Brasil, Dandara foi esposa de Zumbi, líder daquele que foi o maior quilombo das Américas: o Quilombo dos Palmares. Com ele, Dandara teve três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton. Valente, ela foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII e auxiliou Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa da quilombo.

Não há registros do local onde nasceu, tampouco da sua ascendência africana. Relatos e lendas levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança. Ela foi uma das provas reais de que a mulher não é um sexo frágil. Além dos serviços domésticos, plantava, trabalhava na produção da farinha de mandioca, caçava e lutava capoeira, além de empunhar armas e liderar as falanges femininas do exército negro palmarino.

Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando o que estava em jogo era a segurança do quilombo e a eliminação do inimigo. Ela defendia que a paz em troca de terras no Vale do Cacau, que era a proposta do governo português, seria um passo para a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Suicidou-se depois de presa, em seis de fevereiro de 1694, para não voltar na condição de escravizada.

 


Tereza de Benguela

 “Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, viveu na década de XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Ela liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 índios. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770 – alguns dizem que a causa foi suicídio; outros dizem execução ou doença.

Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Ali, era cultivado o algodão, que servia posteriormente para a produção de tecidos. Havia também plantações de milho, feijão, mandioca, banana, entre outros.

Após ser capturada em 1770, o documento afirma: “em poucos dias expirou de pasmo. Morta ela, se lhe cortou a cabeça e se pôs no meio da praça daquele quilombo, em um alto poste, onde ficou para memória e exemplo dos que a vissem”. Alguns quilombolas conseguiram fugir ao ataque e o reconstruíram – mesmo assim, em 1777, foi novamente atacado pelo exército, sendo finalmente extinto em 1795.

  


Maria Felipa

Mulher negra e pobre, Maria quase nunca é lembrada por seus feitos.

Moradora da Ilha de Itaparica, Maria queria um Brasil livre dos portugueses, responsáveis pela escravização do povo africano e da sua família. Os portugueses resolveram atacar com armas, e Maria decidiu participar em defesa da Independência. Primeiro espiava a movimentação das caravelas e depois tomava uma jangada para Salvador, onde passava as informações para o Comando do Movimento de Libertação.

Cansada do papel de vigia, resolveu entrar no combate. Ela sabia que uma frota de 42 embarcações se preparava para atacar os lutadores na capital baiana. Então, Maria convidou mais 40 companheiras para a ação.

Elas e as outras mulheres seduziram a maioria dos soldados e comandantes. Após leva-los para um lugar afastado, esperavam até que começassem a tirar as roupas. Quando finalmente os homens ficavam pelados, elas davam uma surra de cansanção (planta que dá uma terrível sensação de ardor e queimadura na pele), para depois incendiar todas as embarcações.

Essa ação foi decisiva para a vitória sobre os portugueses em Salvador, permitindo que as tropas vindas do Recôncavo entrassem sob os aplausos do povo, no dia 2 de julho de 1823.

Maria Felipa continuou sua vida de marisqueira e capoeirista, admirada pelo povo. Faleceu no dia 4 de janeiro de 1873.

 


 Luísa Mahin

Nascida em Costa Mina, na África, no início do século XIX, Luísa Mahin foi trazida para o Brasil como escrava. Pertencente à tribo Mahi, da nação africana Nagô, Luísa esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.

Quituteira de profissão, de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838). Caso o levante dos malês tivesse sido vitorioso, Luísa teria sido reconhecida como Rainha da Bahia.

Como negra africana, sempre recusou o batismo e a doutrina cristã, e um de seus filhos naturais, Luís Gama (1830-1882), tornou-se poeta e um dos maiores abolicionista do Brasil. Descoberta, Luísa foi perseguida, até fugir para o Rio de Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente, deportada para Angola, Não existe, entretanto, nenhum documento que comprove essa informação.

 


 

Carolina de Jesus

Carolina Maria de Jesus, nasceu no dia 14 de março de 1914, em Minas Gerais, Sacramento, uma comunidade rural onde seus pais eram meeiros.

Aos sete anos, a mãe de Carolina forçou-a a frequentar a escola depois que a esposa de um rico fazendeiro decidiu pagar os estudos dela e de outras crianças pobres do bairro. Carolina parou de frequentar a escola no segundo ano, mas aprendeu a ler e a escrever.

Após a morte de sua mãe, Carolina mudou-se para São Paulo. Na favela do Canindé, construiu sua própria casa, usando madeira, lata, papelão e qualquer coisa que pudesse encontrar. Ela saía todas as noites para coletar papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família.

Quando encontrava revistas e cadernos antigos, guardava-os para escrever em suas folhas. Começou a escrever sobre seu dia-a-dia, sobre como era morar na favela. Isto aborrecia seus vizinhos, que não eram alfabetizados, e por isso se sentiam desconfortáveis por vê-la sempre escrevendo, ainda mais sobre eles.

Em seu diário, ela detalha o cotidiano dos moradores da favela e, sem rodeios, descreve os fatos políticos e sociais que via. Ela escreve sobre como a pobreza e o desespero podem levar pessoas boas a trair seus princípios simplesmente para assim conseguir comida para si e suas famílias.

O diário de Carolina Maria de Jesus foi publicado em agosto de 1960. Ela foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, em abril de 1958. Dantas cobria a abertura de um pequeno parque municipal. Imediatamente após a cerimônia uma gangue de rua chegou e reivindicou a área, perseguindo as crianças. Dantas viu Carolina de pé na beira do local gritando “Saiam ou eu vou colocar vocês no meu livro!” Os intrusos partiram. Dantas perguntou o que ela queria dizer com aquilo. Ela se mostrou tímida no início, mas levou-o até o seu barraco e mostrou-lhe tudo. Ele pediu uma amostra pequena e correu para o jornal. A tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou em uma semana (segundo a Wikipédia em inglês, foram trinta mil cópias vendidas nos primeiros três dias).

 

Fonte: http://www.palmares.gov.br/?p=26662

http://www.palmares.gov.br/?p=33387

https://www.geledes.org.br/


Indicação de vídeos: 

A mulher negra:

https://www.youtube.com/watch?v=0_aa2oh6gKk

Dandara: https://www.youtube.com/watch?v=5T7NSMW14ls

https://www.youtube.com/watch?v=CcZ-prKx7XQ

https://www.youtube.com/watch?v=T00Oce1SSdc

Carolina de Jesus: https://www.youtube.com/watch?v=W5ONEEzm7wI&list=PL5F-jMTgXHoO0I_KUhRsxvjJa3449sn05&index=3

Ângela Davis: https://www.youtube.com/watch?v=B9Cf7pqtAOs&list=PL5F-jMTgXHoO0I_KUhRsxvjJa3449sn05&index=5

Você Conhece? Aqualtune, a princesa escravizada no Brasil que lutou pela liberdade de seu povo

https://www.youtube.com/watch?v=9EwWIRUlMg8

Texto sobre a princesa Aqualtune

https://observatorio3setor.org.br/carrossel/a-princesa-escravizada-no-brasil-que-lutou-pela-liberdade-de-seu-povo/


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