Não há registros do local onde
nasceu, tampouco da sua ascendência africana. Relatos e lendas levam a crer que
nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança.
Ela foi uma das provas reais de que a mulher não é um sexo frágil. Além dos
serviços domésticos, plantava, trabalhava na produção da farinha de mandioca,
caçava e lutava capoeira, além de empunhar armas e liderar as falanges
femininas do exército negro palmarino.
Sempre perseguindo o ideal de
liberdade, Dandara não tinha limites quando o que estava em jogo era a
segurança do quilombo e a eliminação do inimigo. Ela defendia que a paz em
troca de terras no Vale do Cacau, que era a proposta do governo português,
seria um passo para a destruição da República de Palmares e a volta à
escravidão. Suicidou-se depois de presa, em seis de fevereiro de 1694, para não
voltar na condição de escravizada.
Sua liderança se destacou com a
criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Ali, era
cultivado o algodão, que servia posteriormente para a produção de tecidos.
Havia também plantações de milho, feijão, mandioca, banana, entre outros.
Após ser capturada em 1770, o
documento afirma: “em poucos dias expirou de pasmo. Morta ela, se lhe cortou a
cabeça e se pôs no meio da praça daquele quilombo, em um alto poste, onde ficou
para memória e exemplo dos que a vissem”. Alguns quilombolas conseguiram fugir
ao ataque e o reconstruíram – mesmo assim, em 1777, foi novamente atacado pelo
exército, sendo finalmente extinto em 1795.
Mulher negra e pobre, Maria quase
nunca é lembrada por seus feitos.
Moradora da Ilha de Itaparica,
Maria queria um Brasil livre dos portugueses, responsáveis pela escravização do
povo africano e da sua família. Os portugueses resolveram atacar com
armas, e Maria decidiu participar em defesa da Independência. Primeiro espiava
a movimentação das caravelas e depois tomava uma jangada para Salvador, onde
passava as informações para o Comando do Movimento de Libertação.
Cansada do papel de vigia,
resolveu entrar no combate. Ela sabia que uma frota de 42 embarcações se
preparava para atacar os lutadores na capital baiana. Então, Maria convidou
mais 40 companheiras para a ação.
Elas e as outras mulheres
seduziram a maioria dos soldados e comandantes. Após leva-los para um lugar
afastado, esperavam até que começassem a tirar as roupas. Quando finalmente os
homens ficavam pelados, elas davam uma surra de cansanção (planta que dá uma
terrível sensação de ardor e queimadura na pele), para depois incendiar todas
as embarcações.
Essa ação foi decisiva para a
vitória sobre os portugueses em Salvador, permitindo que as tropas vindas do
Recôncavo entrassem sob os aplausos do povo, no dia 2 de julho de 1823.
Maria Felipa continuou sua vida
de marisqueira e capoeirista, admirada pelo povo. Faleceu no dia 4 de janeiro
de 1873.
Nascida em Costa Mina, na África,
no início do século XIX, Luísa Mahin foi trazida para o Brasil como
escrava. Pertencente à tribo Mahi, da nação africana Nagô, Luísa
esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que
sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.
Quituteira de profissão, de seu
tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que
pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na
Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838). Caso o levante dos malês
tivesse sido vitorioso, Luísa teria sido reconhecida como Rainha da Bahia.
Como negra africana, sempre
recusou o batismo e a doutrina cristã, e um de seus filhos naturais, Luís Gama
(1830-1882), tornou-se poeta e um dos maiores abolicionista do Brasil.
Descoberta, Luísa foi perseguida, até fugir para o Rio de
Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente, deportada
para Angola, Não existe, entretanto, nenhum documento que comprove
essa informação.
Carolina Maria de Jesus, nasceu no dia 14 de março de 1914, em Minas Gerais, Sacramento, uma comunidade rural onde seus pais eram meeiros.
Aos sete anos, a mãe de Carolina
forçou-a a frequentar a escola depois que a esposa de um rico fazendeiro
decidiu pagar os estudos dela e de outras crianças pobres do bairro. Carolina
parou de frequentar a escola no segundo ano, mas aprendeu a ler e a escrever.
Após a morte de sua mãe, Carolina
mudou-se para São Paulo. Na favela do Canindé, construiu sua própria casa,
usando madeira, lata, papelão e qualquer coisa que pudesse encontrar. Ela saía
todas as noites para coletar papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar
a família.
Quando encontrava revistas e
cadernos antigos, guardava-os para escrever em suas folhas. Começou a escrever
sobre seu dia-a-dia, sobre como era morar na favela. Isto aborrecia seus
vizinhos, que não eram alfabetizados, e por isso se sentiam desconfortáveis por
vê-la sempre escrevendo, ainda mais sobre eles.
Em seu diário, ela detalha o
cotidiano dos moradores da favela e, sem rodeios, descreve os fatos políticos e
sociais que via. Ela escreve sobre como a pobreza e o desespero podem levar
pessoas boas a trair seus princípios simplesmente para assim conseguir comida
para si e suas famílias.
O diário de Carolina Maria de
Jesus foi publicado em agosto de 1960. Ela foi descoberta pelo jornalista
Audálio Dantas, em abril de 1958. Dantas cobria a abertura de um pequeno parque
municipal. Imediatamente após a cerimônia uma gangue de rua chegou e
reivindicou a área, perseguindo as crianças. Dantas viu Carolina de pé na beira
do local gritando “Saiam ou eu vou colocar vocês no meu livro!” Os intrusos
partiram. Dantas perguntou o que ela queria dizer com aquilo. Ela se mostrou
tímida no início, mas levou-o até o seu barraco e mostrou-lhe tudo. Ele pediu
uma amostra pequena e correu para o jornal. A tiragem inicial de dez mil
exemplares se esgotou em uma semana (segundo a Wikipédia em inglês, foram
trinta mil cópias vendidas nos primeiros três dias).
Fonte: http://www.palmares.gov.br/?p=26662
http://www.palmares.gov.br/?p=33387
Indicação de vídeos:
A mulher negra:
https://www.youtube.com/watch?v=0_aa2oh6gKk
Dandara: https://www.youtube.com/watch?v=5T7NSMW14ls
https://www.youtube.com/watch?v=CcZ-prKx7XQ
https://www.youtube.com/watch?v=T00Oce1SSdc
Carolina de Jesus: https://www.youtube.com/watch?v=W5ONEEzm7wI&list=PL5F-jMTgXHoO0I_KUhRsxvjJa3449sn05&index=3
Ângela Davis: https://www.youtube.com/watch?v=B9Cf7pqtAOs&list=PL5F-jMTgXHoO0I_KUhRsxvjJa3449sn05&index=5
Você Conhece? Aqualtune, a princesa escravizada no Brasil
que lutou pela liberdade de seu povo
https://www.youtube.com/watch?v=9EwWIRUlMg8
Texto sobre a princesa Aqualtune
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