Cabra Cabriola
O mito do Bicho papão que ataca as crianças travessas,
é bem antigo e remonta ao tempo da Idade Média na Europa. Na América Central, o
Gulén Gulén Bo, é um negro que também assusta e come as crianças mal
comportadas, e tem as mesmas características da nossa Cabriola.
No Brasil, deriva-se de um mito afro-brasileiro, onde
acreditava-se tratar-se de um duende maligno que tomava a forma de uma cabra.
Costumava atacar as mães quando estavam amamentando, bebiam seu leite direto
nos seus seios, e depois devoravam as crianças. Além de Pernambuco, foram
encontradas versões deste mito nos estados do Ceará e Pará.
A figura da Cabra Cabriola, também é mencionada na Espanha e
Portugal. Possivelmente veio para o Brasil no tempo da colonização, e com a urbanização
das cidades, ganhou folêgo. Também conhecido como Cabriola, Papão de Meninos,
Bicho Papão, entre outros, a Cabra Cabriola, era uma espécie de Cabra, meio
bicho, meio monstro. Sua lenda em Pernambuco, é do fim do século XIX e início
do seculo XX.
Era uma Bicho que deixava qualquer menino arrepiado só de
ouvir falar. Soltava fogo e fumaça pelos olhos, nariz e boca. Atacava quem
andasse pelas ruas desertas às sextas a noite. Mas, o pior era que a Cabriola
entrava nas casas, pelo telhado ou porta, à procura de meninos malcriados e
travessos, e cantava mais ou menos assim, quando ia chegando:
Eu sou a Cabra Cabriola
Que como meninos aos pares
Também comerei a vós
Uns carochinhos de nada...
As crianças não podiam sair de perto das mães, ao escutarem qualquer
ruído estranho perto da casa. Podia ser qualquer outro bicho, ou então a
Cabriola, assim era bom não arriscar. Astuta como uma Raposa e fétida como um
bode, assim era ela. Em casa de menino obediente, bom para a mãe, que não
mijasse na cama e não fosse traquino, a Cabra Cabriola, não passava nem perto.
Quando no silêncio da noite, alguma criança chorava, diziam
que a Cabriola estava devorando algum malcriado. O melhor nessa hora, era rezar
o Padre Nosso e fazer o Sinal da Cruz.